segunda-feira, 29 de março de 2010

QUANDO INCLINAMOS PARA SERMOS ELEVADOS

No Domingo de Ramos a Igreja se debruça sobre o Evangelho da Paixão segundo os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas, neste ano, por exemplo, o de Lucas) e na Sexta-Feira Santa a liturgia se volta para o relato de João.
Pode parecer uma coincidência simplista, mas na verdade há uma dinâmica litúrgica que nos leva a caminhar para o centro do mistério da nossa fé: a Ressureição!
O Evangelhos sinóticos nos apresentam um Jesus humano. A divindade de Jesus passa pela humanidade plena. Jesus sofre como nós sofremos, sente como nós sentimos. Os relatos são permeados de exemplos dessa experência da fragilidade do corpo: Jesus sua sangue, chora, é preso, é traído, não consegue carregar a Cruz sozinho, têm medo... Os Evangelistas Sinóticos associam a Jesus a dor humana e o colocam diante da justiça terrena. Ele se inclina para ser elevado!
Já no Evangelho de São João, proclamado nas Sextas-Feiras Santas, Jesus é admirado sobre outra ótica pelo escritor sagrado. É um Deus forte! Senhor de todas suas ações! Não é preso, ele se entrega;  Não é julgado, ao invés, julga o juízo de Pilatos, não precisa de Cirineu para carregar a sua cruz, e também, Ele dá cronologia as suas ações, como que interpretanto as Escrituras. Por tudo isso é consciente e forte do seu caminho ao calvário! O Evangelho ainda relata a escuridão e o véu do Templo se rasgando para reafirmar a vitória do Messias, morto pelo projeto do Pai.
De tudo isso, podemos associar a nossa caminhada liturgica e missionária dessa Semana Santa. Somos frágeis, pecadores! Sentimos e fazemos nossas famílias e comunidades sentir dor pelo nosso pecado. Choramos a nossa luta, mas como Jesus caminhamos ao calvário para sermos de algum modo elevado. Mas, será que somos Senhores de nossas ações assim como o Cristo relatado no Evangelho de São João? Será que somos fortes o suficiente para assumir um projeto por mais pesado que ele seja?
A Sexta-Feira terá um fim. A Ressurreição surgirá para todos! Lembre-se: as marcas dos pregos ainda estarão ali presentes para que não esqueçamos jamais que de uma grande dor poderemos ressucitar um grande amor!

Ad majorem Gloria Dei!

Carlos Alberto Gonçalves