domingo, 28 de março de 2010

“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46).


O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa, a Semana Maior, pois, na Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor está o centro de toda a fé cristã católica.
Hoje celebramos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém que ao longo dos anos denominou-se como “entrada triunfal”. Para muitos, motivo de alegria, pois reencontrariam quem lhes concedeu milagres, para outros que já tinham ouvido falar sobre esse tal Jesus, também buscavam sinais miraculosos, queriam livrar-se das enfermidades do corpo, e de toda opressão, outros ainda, insatisfeitos com sua popularidade, tramavam contra ele.
“Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”
Assim era aclamado Jesus, que montado num jumento percorria as ruas da cidade, e ali iria se deparar com o ápice da sua missão, pois nesse mesmo tempo comeria com seus discípulos a “última ceia”.
“Mestre faça com que eles se silenciem! Se eles se calarem as pedras falarão”.
Paralela a toda esta calorosa recepção, a inveja, a cobiça, o poder, o medo, a hipocrisia se fazia presente pelos doutores e mestres da lei e sacerdotes do templo que encontravam oportunidade perfeita para tramar a condenação de Jesus. Aquele que comia com os pobres, curava os leprosos, perdoava os pecadores jamais poderia ser o Messias prometido desde as desde o profeta Isaias, porque olhavam para o céu e de lá esperavam a vinda do Salvador sobre as nuvens com todos os anjos e santos, com poder e majestade.
Não queria um Deus que comesse com pecadores e impuros. O Deus que habitava o “Santo dos Santos”, iria reinar sobre a terra e eliminar todos os pecadores e raça impura. Jesus amava os pobres, concedia-lhes milagres pela fé que jorrava deles. Suas atitudes de bondade e misericórdia atraiam para ele multidões.
Pouco se esperava que esta mesma multidão que o aclamava, dias depois gritaria “crucifica-o, crucifica-o”. Manipulados pelo poder não enxergaram em Jesus a glória, não viam em suas mãos que curava e perdoava o cetro da realeza. Este homem não é o Messias.
Basta-nos nesta vida olhar com humildade para nossas atitudes e reconhecer que aquilo que buscamos pode não estar nos grandes acontecimentos da vida, mas na pequenez de um gesto que se tornará grande se acompanhado da gratuidade do amor, da amizade, da harmonia, da felicidade em ajudar.